sábado, 21 de junho de 2008

As Portas

Quisera ter portas silenciosas, mas as portas precisam mesmo fazer barulho, é um dos motivos pelos quais existem - se não seriam como alarmes soando baixo para não acordar os vizinhos. Os gemidos das portas, de fato, muito me incomodam; porém, melhor tê-las barulhentas do que não tê-las, não podendo desfrutar das outras funções - a de vetar ruídos externos, por exemplo. Você pode me perguntar se o concreto não daria conta do serviço; ou se as portas, estando tão perto, não soam mais alto que os barulhos longinquos da rua. São essas as perguntas que sempre me fiz, sem nunca conseguir responder... A vantagem talvez seja que as portas são constantes.
Os barulhos externos podem ser de motores, buzinas, hélices, discussões, acidentes, brigas, apitos, choros, gritos, latidos, etc. Os das portas são previsíveis; elas abrem, fecham, arranham no piso, rangem ou batem com o vento. São irritantes mas são minhas conhecidas, e vale a pena conviver com seus ruídos em troca de às vezes poder me trancar - afinal, trancadas, as portas são como crianças dormindo, desde que ninguém venha a bater...

4 comentários:

Anônimo disse...

Para mim, ao contrário, o barulho das portas só é agradável quando elas estão assim, escancaradas - e sempre pedindo para alguém bater.

Lili disse...

Achei interessante. Mas me parece que tem muito por trás de portas e desse textinho.
Tem, não tem?

Bem.. fica a dúvida.

Anônimo disse...

O que as portas revelaram para ti, tio It? Poderia dar continuação, magnífico.

Larissa Cavadas disse...

Os ruídos se tornam muito mais agradáveis quando se vem a idéia de que são, algumas vezes, imprevisíveis.
;**