sexta-feira, 11 de abril de 2008

Delírio

Num momento de solidão, esbarrei comigo dentro do quarto.
- Que se passa?
- A vida. É a vida que se passa...
Esquivei e continuei a caminhar.
- E que mal há?
- Onde estão as as coisas, as pessoas, os dias? Eis o mal que há: já não haver nada.
- Passam por você a todo momento, as coisas, as pessoas e os dias...
- Frios e distantes.
- Talvez não. Talvez você o seja.
Sentei na cama.
- Tanto me esforço pra ser alguém bom...
- Bom pra quem?
- Para os outros.
- Necessita demais dos outros e já mal conversa comigo.
- Não faça drama, estou sempre aqui.
- Frio e distante.
Deitei.
- Frio talvez, mas como estaria distante de mim?
- Aí está o problema. Como pode se afastar tanto de si?
- Não me afasto.
- Apenas não percebe. Por isso anda tão só.
Refleti por uns minutos, fechei os olhos e dormi.

5 comentários:

Lili disse...

Ai ai, meu bem.
Nunca nos livramos dos diálogos, bem.. monólogos, complicado rotular, mas a gente nunca se livra deles.
E bem... eles tendem a ser bem duros e.. hum.. judiam bastante do que deveria ser uma aceitação de si mesmo.

Tsc.. sei não. Não sei mesmo.

Anônimo disse...

Esbarrar consigo mesmo é sempre muito perigoso..


Ah, e isso tudo me lembrou uma crônica do Rubem Braga. Já até usei um trecho dela no meu blog que talvez agora encaixe muito bem aqui: "você talvez esteja fugindo de si mesmo e a si mesmo caçando; nesta brincadeira boba passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida – e às vezes reparamos que é ela que se vai, está sempre indo, e nós estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando”.

Jéssica Pexinha disse...

Huuuumm..
ficar sozinho nem sempre é estar só, e ainda fica a solidão.. ta eu sei, nada a ver u.U
mto bom seu blog (y)
adios!

Anônimo disse...

Eu gostei desse, It. Desse do dos tantos outros que li.

Anônimo disse...

muito agradáveis e inspiradores seus escritos italo. :]