sexta-feira, 10 de agosto de 2007

4 ou 5 do mês.

Ambiente todo em madeira, com mesas pequenas em diagonal e, na entrada, um balcão com bancos altos. Em uma das mesas, no centro do lugar, conversávamos apenas para amenizar o clima, quebrando o gelo, e algumas vezes ela encostava um pé nos meus que, só dessa vez – infelizmente – estavam de tênis. Ele, ao meu lado direito, nem imaginava. Talvez passasse pela mesma situação, afinal a ela restava o outro pé...
Falando assim é fácil criar uma imagem ruim. Mas não. Na verdade estou falando de uma menina inocente, insegura e indecisa. De tempos em tempos ela afastava a cadeira e olhava para baixo da mesa, e a vontade que me dava de fazer o mesmo era imensa. Não sei qual era o objetivo... Talvez procurar os pés certos. Sabe-se lá se realmente existe alguém inocente.
Música instrumental ao vivo e pouca conversa: clima propício para o consumo, mas tudo que pedimos foi um refrigerante – que na verdade pedi sozinho, enquanto os esperava. Ficamos apenas sentados, nos olhando, sem comida ou copos que pudessem nos esconder e, depois de muita cara de tédio, ela decidiu ir embora, antes de a festa acabar. Quem era eu pra sugerir que ficassem? Se resolveram sozinhos, conversando ao pé do ouvido, e me avisaram depois. Comentei alguma coisa sobre me deixarem lá sozinho e me aconselharam a sair antes, pois teriam um ao outro. Eu realmente não tinha ninguém.

4 comentários:

Bru disse...

Com tanto esforço o que nos sobra é a solidão

eu nem tento dizer o adjetivo desse texto...realmente bom!

Unknown disse...

Então ficamos ali nos olhando, de modo que eu fixava meus olhos nos dela e ela ria, olhava às amigas, depois olhava para trás, como quem pensasse “será que é comigo?”. Não resisti, num rápido momento o qual um grupo de pessoas recém chegadas ao bar parou entre nós, pequei uma caneta preta que sempre carrego no meu bolso e escrevi num guardanapo: “posso te conhecer?”. Antes que o grupo chegado se movesse as suas mesas, chamei o garçom que guardava minha mesa. Era um rapaz moreno, baixo, de traços mestiços – talvez mãe ameríndia e pai japonês, mas a etnia do japoníndio era o que menos intrigava naquela hora. O pedi que entregasse o guardanapo à mulher mulata, alta de traços latinos que estava sentada a algumas três mesas após a minha. Passava em mim o desejo ácido de que aquelas pessoas achassem com mais rapidez suas mesas, porque três segundos sem flertar com a dama era como um corte sufocante na respiração.

Rafael Soares Torres disse...

Yep, Ítalo. Quando o número é maior do que 2, sempre sobra alguém sozinho. Aliás, sobra alguém sozinho quase sempre. Mundo ingrato >.<

Anônimo disse...

E a solidao foi sua unica companheira?
Alias, as vezes é a melhor.