sexta-feira, 20 de abril de 2007

O mundo perfeito.

- Por que o mundo não pode ser perfeito?
- Porque não teria graça nenhuma.
- Como assim?
- Imagine: que graça teria a vida se você já tivesse, desde sempre, tudo o que precisa?
- Teria muita graça.
- Não teria, não. Você não teria pelo que batalhar, e a vida não teria sentido algum.
- Se fosse perfeito eu teria tudo que preciso, e se preciso de algo pelo que batalhar, teria.
- Mas com o que você poderia sonhar se já tivesse tudo?
- Se tivesse tudo também teria sonhos.
- E qual seria o prazer em sentir-se feliz, se você se sentiria feliz a todo momento?
- Se fosse perfeito eu nunca deixaria de sentir os prazeres da felicidade.
- E como gastaria os seus dias, já que teria tudo?
- Gastaria fazendo as coisas que gosto, já que teria tempo.
- E não haveriam obrigações? Como seria um mundo onde as pessoas não tivessem obrigações?
- Como seria? Isso não é discutível, seria perfeito. Afinal estamos falando de um mundo perfeito.
- Nada pode ser perfeito, não há lógica nisso.
- Se fosse perfeito haveria lógica; ou não precisaria de lógica alguma.
- E as pessoas? Seriam todas iguais?
- Por que haveriam de ser iguais?
- Porque seriam todas perfeitas.
- Não sei...
- Não teria graça nenhuma se fosse assim.
- Se você acha isso, seriam diferentes, pois seria perfeito.
- "Se você acha isso"? Então o mundo seria diferente na visão de cada um? O que é perfeito pra você pode não ser para mim.
- Não faz muita diferença: o mundo nunca foi igual na visão de todos.
- Tem razão. Talvez o mundo pudesse sim ser perfeito...

3 comentários:

Anônimo disse...

Quer saber a graça da coisa? Talvez ele já seja, na visão de alguém. De repente, o mundo é um conjunto de visões perfeitas e deu essa imperfeição ao qual se chamou mundo. Um exemplo fútil? Um casal no qual os dois são bonitos, inteligentes e gente boa. O filho nasce, no mínimo, feio. A grande comédia é que o mundo já é perfeitinho, um conjunto de ações e reações que gerou algo assim tão questionável e imenso. Parece até que suportamos um pouco de perfeição ou uma grande quantidade dela, apenas se estivéssemos encarregados de destruí-la para não enlouquecermos. Trágico.

p.s: Ignorar. Meu pensamento acordou neurótico.

Bruna Alves disse...

vc realmente disse tudo!
o.o

Anônimo disse...

Tanta saudade de conversar contigo sobre nada. Faz tempo, né?
Vou ler esses textos depois, se você não se incomodar.
Beijo.
:]